sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

A amante da guerra – Parte IV – Final

De encontro ao destino

Ele me contou que haviam emboscado um grupo de patrulha, mas que boa parte deles havia conseguido escapar e agora haviam voltado para lutar. Como ordenado, fiquei em sua tenda.

Na segurança duvidosa daquela tenda, tudo o que podia ouvir era o som distante da batalha, mas era impossível dizer quem estava ganhando e perdendo. Poderia ter me juntando a eles se quisesse, mas não tinha nenhuma intenção de ajudar aqueles homens. Seu líder foi bom comigo e era um homem honrado, mas seu filho havia matado meu pai e meus amigos. Ele havia destruído minha vida.

Comecei a rezar para os deuses, pedindo uma intervenção em nome de meu pai que naquela hora deveria estar festejando nos campos de batalha dos deuses, após um confronto de proporções inimagináveis, ou estava olhando por mim. Esperava que fosse a ultima opção, pois queria que encontrar o caminho que deveria seguir.

Estava perdida, sem família, sem amigos, sem riquezas e sem uma perspectiva de futuro. Talvez devesse ir ate a cidade mãe e buscar o conselho dos anciões, encontrar uma nova tribo ou construir uma família. Por isso eu rezava, para descobrir o que o destino me guardava.

Foi pensando nele que lagrimas escorreram por meu rosto quando lembrava de sua  morte. Aquela memoria ainda estava fresca em minha mente e me deixava em transe, um transe tão profundo que perdi a noção do tempo e do que acontecia ao meu redor. Quando me dei conta, a tenda foi aberta e um cavaleiro com armadura de lobo entrou nela.

Eu soube na hora que seria feita novamente de prisioneira. Os deuses estavam sendo cruéis comigo.

Ele me encarou, depois olhou para o que havia na tenda e a deixou. Dois cavaleiro entraram em seu lugar e tentaram me amarrar. Lutei contra eles mas o mais forte me golpeou na nuca com o cabo de sua espada e fiquei tonta, incapaz de resistir.

Eles me arrastaram para fora, e com a visão turva, os vi pegando tudo o que podiam encontrar e amarrando as mulheres e os pequenos. Mas o que mais me chamou a atenção foi a imagem de um homem sobre uma cama improvisada com nossas tendas, que estava amarrada em um cavalo.

Ele era forte, e seu corpo estava coberto de sangue. Ainda que não conseguisse enxergar direito devido o golpe, pude ver que seu abdômen estava aberto com um corte de machado. E o que me espantou era que ele não estava morto.

Nos jogaram nas jaulas dos leões e como animais fomos arrastadas para seu acampamento. Durante a viagem, por alguma razão, eu não sentia medo ou preocupação, pois toda minha atenção estava focada naquele homem sendo arrastado de volta por um cavalo. Eu tinha certeza que ele iria morrer.

Mas o destino iria entrelaçar nossas vidas de uma maneira que ninguém jamais poderia imaginar.

Continua em Um Conto de Sangue e Ouro.






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