Um ótimo Natal e um excelente ano novo para todos! Que 2014 traga muita gloria e conquistas épicas para todos que terão seus nomes cantados pelos bardos!
quarta-feira, 25 de dezembro de 2013
terça-feira, 17 de dezembro de 2013
Instrumentos da morte – Parte III
A rainha
Aquilo era desconfortante e podia
sentir o suor frio escorrendo pela minha nuca enquanto seus olhos me estudava.
Eu não conseguia entender o porque da demora e mesmo sabendo que aquilo iria
acontecer, fiquei espantado quando fui informado que deveria me dirigir ate o
salão real por ordens da rainha.
E se estar frente a frente com a
pessoa mais poderosa do reino já era intimidador, ela conseguia tornar aquela
experiencia em um pesadelo. Haviam quatro cães deformados que comiam restos de
carne humana, ambos amarrados ao trono por grossas coleiras feitas de uma
corrente negra e pontiaguda, manchadas de sangue seco. A própria rainha se
vestia inteiramente de vermelho, ou melhor, as poucas peças que ela usavam eram,
pois ela vestia apenas uma saia que cobria pouco mais do que suas partes
intimas e uma peça de roupa para cobrir seus seios, deixando todo seu corpo a
mostra. Alguns dias depois daquela reunião eu descobri por meio de um bêbado que ela gostava de exibir seu corpo como uma especie de troféu.
- Meus cães te assustam ferreiro? –
ela perguntou quebrando de súbito o silencio e me espantei com sua voz fina
como a de uma criança.
- Não majestade.
A rainha estralou seus dedos e um
homem vestido de bobo da corte lhe trouxe um chicote. Era uma arma grosseira,
feita de couro e tingida de vermelho. Ela pegou a arma, se levantou e me para
minha surpresa me golpeou no rosto.
O impacto me fez cair no chão e senti o
sangue escorrendo pela minha bochecha esquerda e sujando minha camisa.
- Odeio mentirosos ferreiro, é bom se
lembrar disso.
- Sim majestade.
Ela me circulou com passos lentos,
ameaçou me atacar uma ou duas vezes e depois parou atrás na minha costa,
segurando meus ombros e sussurrando em meu ouvido.
- Você me fez um grande favor
ferreiro, salvou um de meus melhores homens e ajudou a dar mais um passo para o
fim desta guerra maldita. Eu quase posso ate sentir o pescoço de minha irmã nas
minhas mãos – ela apertou meus ombros enquanto falava aquelas ultimas palavras,
cravando sua unha em minha carne.
Aguentei a dor, não para parecer
forte, mas temia por minha vida em sua presença, se ela me chicoteou por
aquilo, ninguém poderia dizer do que mais ela seria capaz.
- Vou te colocar nas tropas de
Augusto, tenho certeza que ainda vou ouvir falar muito sobre você... Ou quem
sabe você prefere que eu lhe de uma recompensa e te mande de novo para sua vida
pacata e miserável?
Pensei naquilo, poderia ter aceito o
dinheiro e vivido longe dela, vivido em paz e sossego dentro de minha forja.
Mas havia um sentimento estranho dentro que não entendia na época, uma
sentimento que me fazia querer lutar ao lado de Augusto.
- Prefiro lutar – e quando disse
aquelas palavras me perguntei pelo que estava lutando? Por uma rainha que eu
mal conhecia e que preferia morta no pouco tempo em que estive em sua presença?
Por Augusto? Eu não tinha ideia do porque eu estava lutando.
- Ótimo, mas primeiro você precisa de
uma arma decente, vou providenciar que não precise mais usar esse martelo ridículo.
- Sim majestade...
Ela ordenou que eu me retirasse e
encontrei Augusto do lado de fora do salão real, ele acenou com a cabeça para
que eu o seguisse e me levou ate seus aposentos. A porta foi trancada e com um
olhar extremamente serio ele me perguntou:
- O que achou dela?
Não respondi a pergunta.
- Você é esperto, mas pode ser honesto
comigo, eu odeio essa mulher, as vezes eu amaldiçoo a honra e o dever que me
acorrenta a essa bruxa maldita.
Fiquei em choque ao ouvir aquelas
palavras daquele homem, todos sabiam o quanto Augusto era justo e seguia as
leis como um pato que segue sua mãe, por isso era estranho ouvir aquelas
palavras de sua própria boca.
- Senti a mesma vontade se é isso que
quer saber.
- Perfeito – ele disse e esboçou um
leve sorriso que não podia compreender na época – Por horas temos uma nova
missão Ulthred e como meu mais novo homem, espero muito de você nela.
- E qual seria essa missão?
- Vamos invadir um forte e matar todos
que estiverem dentro dele, é um ponto estratégico que deve ser capturado para
ganharmos essa guerra.
- Entendo... – A perspectiva de uma
batalha invadindo um forte não era a mais agradável de todas, mas sabia que não
poderia voltar a atrás com minha palavra – E quando partimos?
- Ao anoitecer, descanse, beba nas
tavernas, faça o que quiser, mas esteja pronto ao anoitecer.
- Tudo bem – falei e me virei para
sair de seu quarto, quando abria porta ele de súbito falou:
- Ulthred, eu posso confiar em você
não posso?
- Sim – respondi estranhando a sua
pergunta.
- Ótimo, pode ir agora – e então sai
do quarto pensando no significado daquelas palavras.
Agora eu era oficialmente um soldado,
lutaria lado a lado com Augusto, serviria uma rainha louca que odiei desde que
coloquei os olhos nela e aquilo era apenas o começo de algo muito maior.
quinta-feira, 5 de dezembro de 2013
Profecias do Ultimo Dia – Parte II
O
Herege
O templo principal de nossa religião e
morada de nossos mais importantes membros, havia sido construído dentro de uma
montanha de formação única. A montanha principal que sediava nossa morada subia
aos céus como uma grande lança e se perdia de vista e estava sempre coberta por
gelo, apesar de nunca estar frio, um fenômeno que jamais consegui compreender.
O que tornava tudo mais interessante era que essa mesma montanha era cercada
por uma segunda, em menor estatura que a circulava como uma muralha natural.
Havia uma passagem entre essa segunda montanha, que servia como única forma de
entrada e saída do templo, em uma caminhada que durava três dias e dava para
uma pequena estrada em uma floresta que poderia ser atravessada em mais cinco
dias.
Foi somente no quinto dia de viagem
que eu percebi o quão tolo havia sido durante toda a minha vida. Era noite
quando a conselho de Carlos, um dos melhores generais de nossa ordem, montamos
um acampamento improvisado fora da estrada, para não chamar atenção e deixar a
espada em segurança. Éramos oito ao todo, um numero que considerava pequeno
para uma missão tão importante, mas os anciões insistiram que eu deveria viajar
com poucos homens pois a descrição era fundamental e isso tornaria a viagem
mais rápida.
Nosso grupo era composto por mais
cinco guerreiros experientes e um sacerdote que deveria me orientar e servir
como guia espiritual em nossa jornada, mas ele mal falava comigo durante a
viagem, como se estivesse nervoso com alguma coisa.
Eu também havia notado que todos
estavam nervosos naquela noite enquanto montavam o acampamento, ascendia a
fogueira e aproveitavam do calor que ela produzia. Hora ou outra alguém me
olhava rapidamente e depois desviava seu
olhar para a fogueira. Não sei bem porque mais pensei na espada presa a minha
cintura, e toquei seu cabo para sentir seu poder, o que deixou os homens mais
nervosos e me fez entender que algo ali não estava certo.
Desembainhei a espada e vi o pavor em
seus olhos, eles estavam com medo e havia tensão entre todos, mas por quê?
- Esta espada é magnifica – falei por
falar – Posso sentir o poder que pulsa de sua lamina e o peso de nossa missão
sagrada.
- Devíamos testa-la não acha? –
sugeriu Carlos, se levantando e desembainhando sua propria espada – Um pequeno
treino seria ótimo para você.
Os homens não me deram tempo de
responder, uma a um eles formaram um circulo a nossa volta, como se estivessem
formando uma pequena arena de treinamento. Senti um frio percorrendo minha
espinha quando segurei a lamina a minha
frente com as duas mãos, e vi o reflexo de uma das fogueiras refletida em sua
lamina. Para meu espanto, pela primeira vez eu pude vislumbrar uma visão do
futuro nas chamas. Vi o homem que a minhas costas me atacar de forma covarde e
errar seu golpe, vi os demais me atacando sem piedade e minha morte lenta.
Naquela hora eu soube o que devia
fazer e que Dorum estava do meu lado.
- Sabe Carlos – falei com uma confiança estranha, pois não estava com medo – dizem que você é um dos melhores
espadachins de nossa ordem. Fico pensando o que aconteceria se isso não fosse
apenas um treino.
E com aquelas palavras tomei a dianteira
e me virei golpeando o homem que iria me atacar, a lamina cortou a carne
penetrando fundo no osso, abrindo seu corpo desde o ombro esquerdo ate o fim do abdômen. Parecia que meu oponente era um pedaço de papel.
Ninguém esperava por aquilo e entre a
morte do primeiro homem e o tempo que eles levaram para perceber que eu havia
descoberto seu plano, arranquei a cabeça de um segundo homem que rolou no chão
boquiaberto.
- Matem-o – gritou Carlos tentando
fazer seus homens se recuperarem do choque e usarem seu numero para me conter.
Mas eles estavam apavorados, deviam contar com uma morte rápida e sem reação,
nenhum deles esperava precisar erguer sua espada contra uma lamina divina e seu
escolhido.
E eu parecia um arauto da morte
lutando com ela, era como se meus movimentos estivessem sendo guidados por uma
força externa. Bloquear e atacar sem dificuldade, como se meu corpo
simplesmente soubesse o que fazer. E eles apenas morriam com desespero nos
olhos.
- Traição é punível com a morte –
falei para Carlos com minha lamina em seu pescoço. Ele estava caído no chão,
gemendo e segurando o que restou do seu braço esquerdo. Quando ele havia
tentado me matar, acreditando que estava distraído com o que havia restado de
seus homens, me esquivei de seu golpe e
descepei seu braço, depois bastou chuta-lo para que ele caísse e ali
ficasse.
Ele tentou cuspir na minha cara mas
sua saliva caiu em seu próprio rosto.
- Você é uma vergonha, é indigno assim
como seu antecessor, nossa fé precisa de homens fortes que possam nos guiar
pelo verdadeiro caminho.
- E esse caminho apenas te levou a
morte seu to-lo.
- Minha morte marcara o começo de uma
nova era no ordem, logo você sera caçado como um herege, o conselho governara e
uma verdadeira cruzada terá inicio. Não seu tolo, meu caminho te levara a morte.
Foi então que eu notei que o sacerdote
não estava no acampamento, ele devia ter aproveitado a confusão e voltado para
o templo, contado que eu havia traído o grupo e assim seria caçado como um
herege caso escapasse com vida do combate.
Abri a garganta de Carlos de forma que
ele morresse lentamente com a perda de sangue e limpei minha lamina. Juntei
tudo o que podia e parti sozinho.
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